O gato é o belíssimo diabo. Gatos são os animais mais admirados por Charles Bukowski, que chegou a ter vários deles ao mesmo tempo. Considerava-os professores, sábios e sobreviventes - como ele próprio. Esta coletânea é composta de textos inéditos sobre esses bichos misteriosos que tocaram a alma alquebrada do Velho Safado. Uma leitura crua, terna e divertida. Bukowski e gatos, duas paixões. Charles Bukowski, o poeta da sarjeta e da ressaca, o romancista do desencanto do sonho americano, quem diria, tinha um fraco por bichanos peludos e ronronantes. Principalmente na velhice, tornou-se sentimental com os felinos, que considerava criaturas majestosas, potentes e inescrutáveis, seres sensíveis cujo olhar inquietante pode penetrar as profundezas da alma. Eram, para ele, forças únicas da natureza, emissários sutis da beleza e do amor. Abel Debritto, biógrafo do autor que editou duas outras coletâneas temáticas, Sobre o amor e Escrever para não enlouquecer, reuniu aqui poemas e textos em prosa inéditos contendo reflexões sobre os animais que tanto fascínio e respeito provocavam em Bukowski. Os felinos retratados por ele são muitas vezes ferozes e exigentes. Ele os mostra perseguindo uma presa, passeando sobre páginas datilografadas, acordando-o com unhadas e mordidas. Se o personagem Henry Chinaski era seu alterego, os gatos são seu alterego de quatro patas. Pois, ao discorrer sobre gatos - vagabundos, lutadores, caçadores e sobreviventes - , o Velho Safado fala, na verdade, sobre seu melhor assunto: ele próprio.